terça-feira, 23 de agosto de 2011

Relato de parto Dani e Artur


Um relato de parto, não se inicia no dia do parto. Mas desde a concepção, até antes (acho que desde a nossa própria concepção), pois tudo, fará parte da hora P. A frase “o parto acontece entre as orelhas” é muito verdadeira, mas acrescento à ela, por experiência própria, que quando corpo, mente e espírito trabalham alinhados, tudo dá certo.

Relato da gestação
Meu querido Artur, foi encomendado nas montanhas de Casa Branca, com muito amor, carinho e foi muito desejado. Seu irmão Pedro, foi o primeiro a perceber sua chegada. Avisando-me aos 34 dias da última menstruação, que tinha “neném” em meu ventre. Confirmei pelo teste de farmácia, no dia seguinte ao aviso. Ficamos muito felizes e já na descoberta, percebi a diferença da primeira gestação. Na primeira vez, vem a alegria, junto com a ansiedade e o “medo” do desconhecido, na segunda veio a alegria com a tranqüilidade de se conhecer melhor o caminho por onde se vai caminhar. Caminhos que levam a um destino comum, mas completamente diferentes.

Foi uma gestação muito tranqüila, sem nenhuma “anormalidade”. Diferente da primeira, onde investimos uma boa grana com acompanhamento de GO “humanizado” particular, fiz meu pré-natal, com a EO Lília (minha anja querida), já no Sofia Feldman, diretamente, tudo pelo SUS, sem gastar um centavo e recebendo um atendimento ímpar, em todos os sentidos. Foi um pré-natal acompanhado por homeopatia, florais, auriculopuntura, escalda-pés na última semana com reflexologia podal... enfim, tudo de bom. Desde a descoberta da gravidez eu já sabia que queria um parto natural novamente, na Casa de Parto, na banheira. E assim visualizei, mentalizei, rezei, meditei...para que fluísse tudo para isso. Meus ultrassons, foram feitos com o amigo querido Dr. Lucas, ao qual quero aqui agradecer pelo carinho e dizer que é o melhor profissional da área com quem me consultei.

Dei aulas de yoga até a 37ª (27 de julho) semana de gravidez. Arrumando as coisas aos poucos, achando que Artur chegaria lá pro dia 12 de agosto. Fazendo as lembrancinhas aos poucos, deixando várias coisas pra última semana (pra nós né rsrs).

Marcamos o chá de bênçãos com as queridas da ONG Bem Nascer (agora Parto Ativo BH), para o dia 6 de agosto de 2011.

Na sexta, anterior, dia 5 de agosto, saí de Casa Branca com Pedro, por volta de meio dia, numa carona com Zé até o Verde Mar, onde encontramos com o Ka, fizemos compras no supermercado, para o chá de bênçãos que aconteceria no dia seguinte. Depois fomos a um bazar de artigos de cozinha, do qual saí correndo pela quantidade de gente (rsrs detesto essa muvuca consumista) e de lá fomos para Ibirité, encomendar um móvel, pegamos a estrada de terra entre Casa Branca e o destino final, a maior balangação, um calor daqueles. Chegamos em casa bem cansados, tomamos um bom banho, relaxamos um pouco. À noite assistimos a um filme bacana, que tinha a música celta como tema, tínhamos comentado à poucos dias, que iríamos separar música celta para o parto do Artur, comentei com Ka que estava sentindo o Artur bem lá embaixo, que havia umas semanas que estava sentindo algumas cólicas, que já estava pra chegar a hora mesmo, que ele não esperaria tanto quanto o Pedro. Fomos dormir, por volta de 11h...

Relato de Parto
Acordo assustada, com um líquido quente escorrendo, pulei da cama com a “água” descendo pelas pernas, acordei o Ka, “Ka a bolsa estourou!!!” levei um susto, não esperava que seria com 38 semanas e 2 dias (meia noite). O Ka pulou da cama sem entender nada, eu dizendo “corre, pega as toalhas e o pano de chão”. Fui ao banheiro, sentei e fiquei pensando, “o que vamos fazer!” Não estava sentindo contrações. Liguei pra Lília e ela disse: “vá pro Sofia, já vou encaminhar tudo pra você”, e eu, “mas não estou sentindo contrações ainda”, ela, “você precisa ir mesmo assim”. Aí levei outro susto, fiquei meio apavorada, pensando “não quero induzir o parto, estou sem contrações, com a bolsa rota...” estava bem nervosa nessa hora, fui arrumando algumas coisas que faltavam, a sorte que as malinhas da família toda já estavam prontas fazia umas 3 semanas. Aí parei pra respirar, parei em frente ao meu altar e rezei, pedi a Mãe Divina e ao Grande Espírito, para me darem calma, confiança em meu corpo e que eles me encaminhassem para o melhor caminho, respirei profundamente e fomos. Pegamos o Pedro, dormindo como um ursinho, colocamos no carro e fomos deixá-lo na casa da Nonna. No caminho entre Casa Branca e a casa da minha mãe, fomos conversando, ouvindo música, falando como a noite estava mágica pela neblina que havia na estrada e comecei a sentir as contrações, já de 4 em 4 minutos. Fiquei pensando como faria pra avisar as meninas que não teria mais o chá de bênçãos, não tinha conseguido achar o telefone de nenhuma delas pra avisar. Chegando na casa da minha mãe, minha irmã e meu cunhado estavam lá nos esperando e iam nos acompanhar. Pedro acordou ao chegar lá e pelo que fiquei sabendo depois ele passou a madrugada acordado em TP junto conosco rsrs, eu lhe dei um beijo e disse que estava indo buscar o Artur para ele.
Entre a casa da minha mãe e o Sofia, as contrações já estavam de 3 em 3. Chegando ao Sofia (3 da manhã), fomos na admissão, preenchemos a ficha, descemos pra Casa de Parto, fui pro quarto ao lado do da banheira, eu queria o Leila Diniz, mas ia descer uma moça pra ter o bebê lá, então teria que ficar no outro quarto, pensei “importante é que estou aqui na Casa de parto”. Enquanto vinham as contrações eu me agarrava ao meu companheiro, segurava em sua blusa de frio que estava perfeita pra essa função, respirava fundo e expirava “uuuuuuuuuuu”, sentia em meu corpo e minha alma, como a respiração, o som, o corpo e o espírito estavam alinhados, nesse momento, não havia mente. Sentia minha bacia abrindo, os ossos da lombar abrindo, o Artur descendo cada vez mais... quando chegou a EO que estava de plantão, Adrinês, a anja da vez. Eu já estava pra lá da partolândia, nem lembro o que ela me dizia ou perguntava muito bem, mas ela perguntou se eu queria saber como estava a dilatação, eu pedi pra ela olhar, pois as contrações já estavam praticamente emendadas uma na outra, qual não foi nossa surpresa quando ela disse, já está de 7 pra 8, aí como ela viu a rapidez que estava o processo, já fez a desinfecção do quarto da banheira, pois a moça que ia para lá quis subir para tomar anestesia e o quarto da banheira era nosso!!!!!!! Trocamos de quarto, pedi o Ka para montar o altarzinho, colocar a música, que devo confessar, não lembro bem qual era, acho que flautas apaches. Havia separado o incenso de copal do México para acender, mas nem deu tempo, colocamos o difusor com olíbano e lavanda, fui para o banheiro fazer xixi e estava me sentindo muito “confortável” durante as contrações naquela posição, então pensei “vou sair daqui, senão nasce”, peguei a bola, sentei nela e fiquei “rebolando” durante as contrações e o mantra que era “uuuuuuuu” já tinha se tornado “aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa”, juro que eu me ouvia e achava que era uma baleia cantando, e foi muito forte, pois eu sentia exatamente tudo que estava acontecendo em meu canal de parto, acontecendo em minha garganta e boca através do som, dos mantras que emitia. Senti o Artur chegando quase a sair na bola, enquanto se enchia a banheira, segurei, pois queria que ele nascesse na banheira, na verdade, não sei se foi viagem minha, mas acho que ele bateu na bola e voltou... a banheira cheia, fui entrando pedindo “Artur, espera sua mãe entrar”, entrei na banheira e aquela água morna estava deliciosa, instantaneamente diminuíram as dores na lombar. Ka estava sentado atrás de mim, pedi pra ele ficar de blusa para que eu pudesse agarrar nela nas contrações para não machucá-lo, veio mais uma contração e “aaaaaaaa” senti a cabeça saindo, olhei pra água e era ela mesmo, aí meu pensamento “é agora, vou dar tudo de mim e trazer o Artur” mais um “aaaaaaaaaaaaaaaaa” e pus os pés na parede da banheira e ele chegou, eu senti cada parte dele saindo e o peguei na hora (4:24 da madrugada do dia 6 de agosto de 2011) abracei e chorei junto com meu amado companheiro e agradeci muito ao Grande Espírito e a Mãe Divina, e só conseguia dizer “meu filhinho, meu filho, você chegou meu amor, que benção” foi tudo perfeito demais, rápido demais, abençoado demais. Ficamos na banheira até o cordão parar de pulsar, quando o Ka, cortou o mesmo. Aí saímos da água abençoada, o pequeno ficou no colo da tia enquanto eu recebia os pontinhos da minha laceraçãozinha de primeiro grau. Acabada essa parte chata, meu pequeno voltou pro meu colo e mamou, mamou, mamou umas 2 horas seguidas. Estávamos no quarto eu, Ka, Artur, tia Valeria e tio Ricardo, namorando e admirando o milagre da vida. O milagre que se inicia no ventre abençoado da mulher que se une com amor ao seu companheiro e recebe de Deus, o presente, a benção, o poder e a responsabilidade de gerar, parir, nutrir e educar as crianças, flores desse mundo.

GRATIDÃO imensa e um carinho enorme, com lugar nos nossos corações para sempre a querida Lília, que mesmo não estando fisicamente presente no momento, esteve lá conosco. E ainda passou na manhã seguinte, cedinho, com sua maletinha de aurículo, para colocar umas agulhinhas em minha orelha para ajudar no TP, qual não foi a sua surpresa ao chegar e ver-nos todos felizes com o pequeno Artur em mãos, e lá se foi minha anja, levar sua missão adiante em outros lugares. Lília, beijos de luz em seu coração!

Gratidão a Adrinês, querida que esteve nos acompanhando no momento do parto. A toda equipe da Casa de Parto e a todos os mantenedores, diretores, funcionários do Sofia Feldman.

Gratidão a minha mãe e minhas ancestrais parideiras e fortes que me ensinaram a força da mulher. Gratidão a Valeria e Ricardo, por nos acompanharem e estarem conosco neste momento único.

Gratidão a você Ka, meu amado, que está comigo nesta caminhada, partilhando, construindo e seguindo ao meu lado. (ahhh fizemos 7 anos de casados, no dia seguinte ao nascimento do Artur)Te amo!

Gratidão a Rebeca, querida doula virtual que me ajudou com tantas dúvidas durante a gestação. Grata as queridas da lista da ONG Bem Nascer, pelas bênçãos virtuais recebidas, foram tão fortes que nem o chá conseguiu acontecer.

Vamos parar nossa produção por aqui, mas se eu tivesse mais 100 filhos seriam todos de parto natural, novamente com certeza.

GRATIDÃO MÃE DIVINA E GRANDE ESPÍRITO!
  
ARTUR - Círculo de Fogo e Água

Verdade seja dita, no segundo filho você fica bem mais relaxado! Relaxado no pré-parto, na hora "H", nos primeiros dias, primeiros meses e... até para escrever o relato de parto!
Por isso escrevo só agora, quase quatro meses após o nascimento de meu filho muito amado, o Artur!
A tranquilidade no nascimento do Artur foi tanta que quando a Dani me acordou na madruga de 06 de agosto dizendo que a bolsa tinha arrebentado, meu sonolento pensamento foi: "ela foi dormir com bolsa de água quente?".
Porém nem tudo foram flores, após tomar consciência de que bolsa ela estava falando, tivemos um pequeno susto pois não havia ainda contração. Ligamos para a Lílian do Sofia (que havia feito o acompanhamento pré-natal da Dani) e ela nos dise para irmos assim mesmo para a Casa de Parto.
Pegamos o Pedro e lá fomos, madrugada adentro, pelos enevoados sendeiros do Parque do Rola Moça rumo a BH, no caminho as contrações se iniciaram e ficamos mais tranquilos.
Após deixarmos o Pedro na casa da avó, com a promessa de que logo ele iria conhecer o irmãozinho, fomos para o Sofia Feldman e quase a chegar lá as contrações já estavam de 3 em 3 minutos!
Assim que chegamos, passamos na recepção do hospital para dar entrada e logo fomos para a Casa de Parto. Dessa vez a Dani estava disposta a parir na banheira, porém a sala Leila Diniz estava ocupada. Mas quis a providência divina que a Mãe que lá estava fosse (não me lembro se por vontade própria ou por característica do parto) para a maternidade. Esperamos em outra sala a higienização do quarto e banheira enquanto as contrações eram mais fortes e próximas, Dani, mais uma vez com muita coragem e força a dizer que sentia que o Artur já estava quase a chegar!
Assim que o anjo da vez, a Adrinês, disse estar pronto o quarto, trocamos e ainda aguardamos um pouco na espera de encher a banheira, nisso a Dani estava sentada na bola de borracha e em uma contração mais forte disse ter sentido a cabeça do Artur (achei muita graça nessa hora pois imaginei ele sindo e batendo a cabacinha na bola de borracha).
Banheira pronta e caímos n'água, contrações muito fortes, o chamado "anel de fogo" na água e já na segunda sequência de contrações vejo uma mancha escura no fundo da banheira da qual emerge o meu menininho, o Artur! Bem vindo meu amado Leão nascido de um Círculo de Fogo na Água! Mais uma vez, ao exemplo do Pedro, cortei o cordão umbilical do meu filho, porém dessa vez sem receios como na primeira. Adrinês dise que praticamente não havia feito nada, que sua contribuição foi mínima, porém sua presença e segurança e apoio foram fundamentais, gratidão a você, anjo da vez e à Lília que sempre esteve presente e no dia seguinte apareceu para conhecer o Artur. A você Dani, que dizer de uma mulher que sempre me surpreende e que se revela a a cada dia uma mãe, esposa e mulher melhor! Te Amo Muito! E a você Artur, meu amado e precioso filho, leonino e leãozinho! Se demorei a escrever o relato de seu parto foi porque o trabalho agora é dobrado, porém o amor por você e seu irmão são infinitos e imensuráveis! Seja muito feliz em nossa família meu filhinho, que Deus e a Grande Mãe me capacitem para assumir a sagrada missão de ajudá-lo em seu caminhar nessa vida, para mim é uma honra imensurável e um presente divino você estar conosco! Te amo muito meu filho, conte sempre comigo!

Papai Papu Ka